segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Grupo de Percussão do NEOJIBA conta como foi o Festival na Venezuela

O Grupo de Percussão do NEOJIBA com Acuarius Zambrano (ao centro)


O Grupo de Percussão do NEOJIBA foi um dos convidados especiais do V Festival Internacional de Percussão de Los Llanos, realizado na Venezuela de 21 a 30 de outubro. Oito percussionistas do programa embarcaram para a cidade de Guanare, no dia 21, onde se apresentaram com jovens músicos do Sistema Nacional de Orquestras Juvenis e Infantis da Venezuela (El Sistema), assim como com artistas de destaque na música percussiva. O convite para o intercâmbio musical partiu do idealizador do Festival, Acuarius Zambrano, percussionista da principal orquestra do El Sistema – programa venezuelano de formação orquestral criado há 35 anos e que inspirou o NEOJIBA e programas semelhantes em cerca de 30 países. Recém-chegado da Venezuela, o jovem maestro e percussionista Yuri Azevedo, de 19 anos, relata aqui a ótima experiência que ele e seus sete colegas passaram por lá:

"O Festival foi fantástico! Foi muito bom mesmo, em todos os sentidos. Não esperávamos ser recepcionados com tanto carinho e alegria como fomos. Éramos tratados como "estrelas da percussão", o que foi bem legal! Nossa rotina era bem pesada, bem no estilo venezuelano mesmo: tínhamos que acordar às 6h da manhã e só voltávamos para o hotel depois do concerto da noite (todas as noites alguns grupos se apresentavam). Ou seja, a depender do repertório desses grupos, a gente chegava a voltar para o hotel até meia noite! Ao chegar no núcleo de Guanare pela primeira vez nos encontramos com o Acuarius e ele nos direcionou aos grupos, para que a gente pudesse iniciar nossas atividades. Cada grupo era coordenado por músicos da Orquestra Simón Bolívar. Num desses grupos, coordenado por Victor Villarroel, havia crianças que nós ajudávamos constantemente, a pedido do proprio Victor, e estávamos sempre nos ensaios ou dando aulas individuas para os menininhos. Na verdade, nunca sabíamos bem o que iria acontecer no dia seguinte, mas eram boas surpresas quando chegávamos no núcleo. Por exemplo: Master Class de tímpano com o timpanista da Orquestra Sinfônica da Venezuela num dia, no outro com um dos timpanistas da Simón Bolívar, o Ramón Granda. Entre esses master classes tinha muita atividade, ensaios, aulas, estudo indivudual etc. O núcleo não era o que pensávamos que ia ser. A gente estava imaginando algo parecido com a sede em Caracas, mas eles não têm salas para estudo individual, pois as que existem são utilizadas para ensaios e aulas em grupo. O pátio era o "point" do estudo: marimbas, caixas, tímpanos, todos espalhados pelo pátio, todos estudando pra valer! Era realmente uma atmosfera de ensinar o que sabe para o outro, e ao mesmo tempo aprender. Um dia, o irmão do Acuarius, me chamou e disse "Mira! Ustedes tienen una entrevista hoy en la radio". Ele queria que duas pessoas fossem, então eu disse que poderia ir com Éverton, mas, nesse mesmo dia, ele e Davi tinham marcado um master class de música popular brasileira no festival, inclusive pra os próprios músicos da Bolívar. Então fomos eu e Isaac, mas no final das contas o Aires acabou falando mais por nós. O dia do nosso concerto se aproximava e as expectativas cresciam, e enquanto isso, tocamos junto a outros grupos musicais deles, como convidados. Na verdade a gente esteva no palco quase todos dias do Festival, e num desses dias Isaac e Éverton tocaram peças solo a pedido de Acuarius e foi um sucesso! No dia do nosso concerto, outra entrevista, mas dessa vez Davi e Éverton foi a dupla escolhida. Enquanto isso, o restante do grupo arrumava o palco para o nosso ensaio e para o concerto à noite. Acuarius fez questão de que a gente tocasse por último, como atração principal da noite. E o concerto foi excelente, o pessoal gostou muito, foi um sucessão! Eu regi duas peças do nosso repertório, e entre uma obra e outra gritaram "YURIDUDAMEL!"... e daí nasceu meu apelido para o restante do festival: "Yurimel". No outro dia, um duo francês de percussão fez sua apresentação e foi incrível, e na manhã seguinte tivemos master class com eles. À noite, o concerto final. Após a apresentação, os percussionistas da Orquestra Simón Bolívar vieram até nós e se colocaram à disposição para vir ao Brasil conhecer o NEOJIBA e dar aulas. E na sequência, fizeram a proposta: eles querem realizar um concerto conosco em Caracas e outro em Salvador, os dois naipes juntos! Quanta honra! Definitivamente foi uma expedição que valeu a pena!"

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